terça-feira, 25 de março de 2014

Apoio Matricial

Destacamos hoje o artigo: "O Apoio Matricial em Unidades de Saúde da Família: experimentando novações em saúde Mental"  de autoria de Magda Dimenstein; Ana Kalliny Severo; Monique Brito; Ana Lícia Pimenta; Vanessa Medeiros; Edilane Bezerra.

O texto traz uma leitura bastante critica sobre a visão dos profissionais atuantes na saúde básica no Município de Natal a cerca do que é e como funciona o Apoio Matricial. No entanto, a realidade mostrada no artigo não se restringe a tal municipio sendo uma questão pertinente a todos os territórios. Sendo o Apoio Matricial um conceito ainda bastante novo para muitos municipios, é importante buscarmos esclarecimento a cerca desta proposta. 
Tomamos a liberdade de destacar alguns trechos deste trabalho a fim de despertar a discussão sobre o tema. Os trechos destacados trazem apenas alguns pontos de esclarecimento sobre as questões principais do conceito e modo de funcionamento do AM. 

A leitura integral do texto faz indagações mais profundas sobre o modo como hoje operamos em saúde mental, seja na atenção primária, seja nos CAPS, pois ainda há muito a ser aprimorado no atendimento ao usuário!

“A Reforma Psiquiátrica aponta para a superação do modelo hospitalocêntrico no atendimento do transtorno mental, tendo em vista um cuidado que não afaste o portador do seu espaço social. Desse modo, a atenção básica, no campo da saúde pública brasileira, constitui-se em um espaço privilegiado de intervenção mostrando-se como uma estratégia significativa para  traçar ações focadas no eixo territorial. O Programa de Saúde da Família (PSF), criado em 1994, destaca-se  nesse contexto.”

“ O Apoio Matricial surge como proposta para articular os cuidados em saúde mental à Atenção Básica.”

“ Essa perspectiva é antagônica ao modelo de atendimento centrado nos especialismos,  que adota uma perspectiva de saúde fragmentada, distante da concretude da vida dos sujeitos A partir dessas críticas, o ato de cuidar implica em  compreender a saúde de maneira global, intrincada  ao modo de vida das pessoas. A saúde, sendo percebida como recurso para a produção de vida diária dos usuários, exige novos modos de tratar e de acolher o sujeito em sofrimento, principalmente o portador de transtorno mental, na sua vida diária e em seu espaço comunitário. Desse modo, a unidade básica tornou-se fundamental para esse tipo de acompanhamento.”

"Segundo o Ministério de Saúde (Brasil, 2005), os principais desafios da Reforma Psiquiátrica é que 3% da população necessita de cuidados contínuos em saúde mental, em função de transtornos severos e persistentes, o que exige uma rede de assistência densa, diversificada e efetiva. Somado a isso, aproximadamente de 10% a 12% da população não sofre transtornos severos, mas precisam de cuidados em saúde mental, na forma de consulta médico-psicológica, aconselhamento, grupos de orientação e outras formas de abordagem. Isso, consequentemente demanda uma rede assistencial ampla e integrada. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem registrando uma preocupação gradativa nos últimos anos com as chamadas doenças crônicas no mundo inteiro, dentre as quais estão os transtornos mentais."

"Observa-se, portanto, que a incorporação das ações de saúde mental na atenção básica é uma prioridade no cenário atual. Nesse sentido, o Ministério da Saúde propôs a estratégia do Apoio Matricial (AM) para facilitar o direcionamento dos fluxos na rede, promovendo uma articulação entre os equipamentos de saúde mental e as Unidades Básicas de Saúde (UBS) o Apoio Matricial surgiu a partir da constatação de que a reforma psiquiátrica não pode avançar se a atenção básica não for incorporada ao processo. Não é viável concentrar esforços somentena rede substitutiva, mas é preciso estender o cuidado em saúde mental para todos os níveis de assistência, em especial, à atenção primária. Entretanto, sabemos que as equipes de atenção básica se sentem desprotegidas, sem capacidade de enfrentar as demandas em saúde mental que chegam cotidianamente ao serviço, especialmente os casos mais graves e/ou crônicos. O matriciamento visa dar suporte técnico a essas equipes, bem como estabelecer a corresponsabilização."

"O Apoio Matricial às equipes da atenção básica deve partir dos CAPS, pois estes são serviços que ocupam lugar central na proposta da reforma psiquiátrica, sendo seus dispositivos por excelência. São considerados ordenadores da rede de saúde mental, direcionando o fluxo e servindo de retaguarda para as residências terapêuticas, bem como para a atenção básica."

"A visão predominantemente fragmentada do trabalho em saúde, baseada nos conhecimentos especializados, propicia ainda o fortalecimento da lógica do encaminhamento. Campos e Domitti (2007) apontam que o apoio matricial vem tentar reverter essa lógica de encaminhamento, pois essas intervenções pressupõem sempre uma lógica de hierarquização, havendo uma diferença de poder/saber entre quem encaminha e quem recebe e ainda uma transferência de responsabilidade."

"A proposta do Apoio Matricial é articular atenção básica e serviço especializado, promovendo encontros de saberes que proporcionem uma atuação mais integral e menos fragmentada. Dessa forma, o CAPS, no papel de serviço especializado, não estaria desresponsabilizando-se de sua demanda, mas passando a atuar numa outra perspectiva, a de descentralizar esse cuidado, levando-o para mais perto do usuário. Os profissionais desse serviço estariam orientando e construindo, juntamente com os profissionais da atenção básica, um novo modelo de atenção, em que o maior beneficiado é o próprio usuário. Não há, portanto, um desvio e sim um compartilhamento de responsabilidades."


Equipe CAPSIA
Indicação: Rafaela Pereira

Texto na Integra  Aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário